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sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Luanda

Existe sem dúvida um receio inerente a África. Aliado a muitos relatos assustadores, principalmente de Luanda, para onde voei e me esperava uma amiga de um amigo... Todas as histórias que conhecia para ela eram da década passada, “Luanda é agora uma cidade segura, mas com muito trânsito e lixo”, relata-me...

E eu acrescentei depois, muito cara também... 
Pela primeira vez e com 50 dólares no bolso, não me foi possível oferecer o almoço a quem tão bem me recebeu.. Isto porque fomos almoçar numa rua repleta de restaurantes ou melhor tascas, cheias de moscas, com as mesas sujinhas, com o peixe dentro de geleiras, mas sem gelo, que, seriam na hora encerrados pela asae, mas, parece que aqui é assim...de facto foi o maior carapau que comi na vida, saía fora do prato, bem a verdade é que nem o terminei... mesmo assim: 68 dólares para 3!! Que vergonha, não posso pagar o almoço e não porque fui a um restaurante fino, elegante ou o que seja, mas simplesmente por estar em Luanda, uma das cidades mais caras do mundo, onde para chegarmos ao restaurante contornámos os buracos da rua de areia e os montes de lixo pelo chão...  não me deixou fascinada, apenas tristemente surpreendida...

Angola, com a dura realidade dos meus trinta e três anos a fazerem-me velha neste país e os 200 dólares  por dia que para alcançar o visto de turismo tive de provar possuir na minha conta bancária, não é uma mera formalidade com um valor astronómico, mas sim o custo de vida normal para sobreviver por estes lados, portanto além de velha, neste pais também sou pobre!!!

O voo saiu de Lisboa com 10 min de atraso, ok tolerável nada de extraordinário, agora em Luanda começamos a embarcar apenas depois da hora agendada do voo, quando se iniciou o embarque no monitor já indicava outro trajeto,outra cidade, no meio de muitas questões para onde seguia mesmo o avião que agora embarcava, lá as hospedeiras e os seguranças gritavam Namibe... será este o meu primeiro destino em Angola, sem contar com esta paragem técnica em Luanda.
O autocarro que nos levou ao avião era velhote, mas daí nada que me choque, agora, antes de embarcar junto da pista temos no chão as nossas malas e ali mesmo as devemos identificar e indicar que devem seguir, caso contrário ficam por terra... mas não fazemos check in? Claro que fazemos, para quê esta medida extra? Não compreendi, talvez como pela primeira vez antes de levantarmos voo a hospedeira tenha passado dentro do avião com um spray no ar? Mas será que nos querem intoxicar antes de levantar voo? Que seria aquele spray?  Será cheirinho ou mata mosquitos???
Mas, a melhor parte começou antes mesmo de embarcar neste voo, tentei o check in online e por qualquer motivo um dos parâmetros não me deixava avançar, parâmetro estranho e que por norma nunca falho, o  meu apelido... Tentei de todas a maneiras, claro que até copiei do bilhete de embarque que me foi enviado após a compra da passagem, até tentei com todo o nome, quem sabe se seria isso que pediam... e só depois de uma chamada para o serviço de cliente entendi porque não conseguia, como tenho dois apelidos têm de ser  os dois colocados, mas sem espaço entre eles e em caps lock. Pois bem, sem espaço ate tinha tentado, num desespero e rasgo de loucura, agora em caps lock todas letras passou-me completamente ao lado.... gente criativa... como não me lembrei disso antes!!!!